Os efeitos econômicos do coronavírus estão sendo sentidos pelos associados da ADIRPLAST. As vendas de abril deste ano caíram 43% em relação a março. Mas antes de gerar mais incertezas ao setor, entidade ressalta que a redução é bem menos drástica, 2,5%, quando comparada a abril de 2019, ano em que segundo semestre fez toda a diferença
A pandemia está afetando todos os setores da indústria brasileira. Os associados ADIRPLAST, distribuidores oficiais de resinas, plástico de engenharia e filmes bi-orientados, também sentiram o impacto, principalmente no mês de abril. As vendas das resinas commodities (PEs, PP e PS) no mês passado foram de 20.069 toneladas, o que representa uma redução de 43,6% sobre março. “Esses números já nos dão uma perspectiva para os próximos meses, que serão difíceis para todo o setor”, explica Laercio Gonçalves, presidente da entidade.
O volume de vendas de plásticos de engenharia em abril deste ano foi de 1.072 toneladas, apresentando uma redução de 58,4% em relação a março. Já os filmes bi-orientados somam 2.556 t, redução de 28,9%. Mas, apesar dos números baixos, o volume total dos associados ADIRPLAST no 1º quadrimestre de 2020 foi de 155.158 toneladas, uma redução de 2,5% em relação ao 1º quadrimestre de 2019. “Isso nos mostra que se o Brasil conseguir sair da pandemia até o início do segundo semestre do ano o mercado ainda tem tempo de se recuperar”, ressaltou Gonçalves.
O presidente da ABIPLAST, José Ricardo Roriz Coelho, declarou que uma redução da produção nos próximos meses é evidente, assim como uma desaceleração no volume produzido em 2020: “Grande parte da cadeia terá que manter suas atividades, assim como os demais setores e, apesar de todos os impactos na economia e nas atividades produtivas, seguimos confiantes em enfrentar este cenário da melhor forma possível”.
Com foco na indústria médico-hospitalar, os associados ADIRPLAST têm trabalhando arduamente nos últimos dois meses para atender a demanda de produtos como, por exemplo, máscaras, seringas, cateteres, frascos de álcool gel, respiradores e outros tantos itens. Além dos produtos médicos, também existe pedidos para embalagens para alimentos, bebidas, produtos de limpeza, copos, pratos e talheres descartáveis etc. “O plástico está neste momento salvando vidas e auxiliando no combate à Covid-19. Tivemos aumento nas vendas em segmentos específicos, mas em outros a demanda caiu bastante”, explica Wilson Cataldi, diretor da Piramidal, associado ADIRPLAST.
No segmento de bio-orientados, a cautela é a mesma. Segundo Marco Antonio Sabba, da Premium Reliance, distribuidora de BOPET, a empresa sentiu que seu produto está sendo mais solicitado por determinados segmentos, mas em outros as vendas também reduziram a quase zero. “Mas sabemos da nossa importância na cadeia e de como nosso produto é fundamental para ajudar no combate do coronavírus”, disse.
Para o mercado de plástico de engenharia a requisição por informações técnicas cresceu. “Tivemos um aumento significativo em requisições, sendo necessária a importação aérea para recompor estoque e manter o suprimento tanto para clientes antigos como novos. Houve também uma busca crescente por maiores informações técnicas sobre os produtos de nosso portfólio. Nós trabalhamos com uma gama extensa de polímeros avançados que atendem aos mais rigorosos requisitos da área médica. Com isso, além do fornecimento regular de materiais como as polissulfonas, já conhecidas no mercado, também há uma movimentação no sentido de introduzir aos clientes os novos materiais que vem sendo desenvolvidos por nossos fornecedores”, explicou o executivo da Master Polymers, Joel Pereira de Araújo.
Diante deste cenário, as empresas têm se adiantando na preservação de seus negócios. Jane Campos, South America Country Manager da Radici, explicou que nesse primeiro momento a Radice optou por cortar quase todos os investimentos para preservar o caixa, reduzir gastos e renegociar contratos: “Estamos estudando com cautela a médio prazo, fechamos abril com 60% das vendas, maio deve ficar 45% e estamos prevendo uma pequena retomada para junho, cerca de 70%. Apesar da situação acredito que vamos passar pela pandemia bem. Mesmo assim, sabemos que o mercado não voltará a 100% tão breve e estamos trabalhando com cenário de recessão para 2021”, explicou.
A executiva contou ainda que nesse momento as ações da Radici se voltaram para combater a Covid-19. “Adaptamos nossa fábrica e produzimos milhares de máscaras para doação. No Brasil doamos 6.500 Kg de poliamida para o Projeto Gama na fabricação de máscaras de proteção para médicos e trabalhadores da saúde pública. Também doamos um pequeno volume, 500 kg para válvulas dos respiradores produzidos pela Politécnica da USP”, explica.
Para o presidente da ADIRPLAST este é um momento único na história econômica mundial. “Precisamos estar unidos com todo segmento plástico e prontos para enfrentar a crise que será forte, mas passageira”, finalizou Gonçalves.