Associados ADIRPLAST do segmento de filmes biorientados fecham os quatro primeiros meses deste ano com resultados semelhantes a 2021. A expectativa agora é de um pequeno aquecimento no segundo semestre
Até agora o ano tem se mostrado estável para os associados ADIRPLAST (Associação Brasileira dos Distribuidores de Resinas Plásticas e Afins) do segmento de BOPP e BOPET. As vendas de janeiro a abril somaram 9853 toneladas, volume 1.8% maior do que o obtido no mesmo período de 2021. Essa seria uma notícia positiva, não tivesse o setor amargado no ano passado uma queda considerável em suas vendas. Considerando o varejo de BOPP e BOPET, foram comercializadas no país no ano passado 39 mil toneladas desses insumos. Em 2020, esse número chegou a 48 mil toneladas, sendo os associados da ADIRPLAST responsáveis por, em média, 75% desses valores. Para a vice-presidente da entidade, Cecília Vero, da Nova TIV, tanto o volume quanto as margens de ganho neste ano estão muito abaixo do esperado. “Entraves, demanda fraca, recessão e inflação impactam diretamente no poder de compra do consumidor final e isso tem refletido nos resultados destes primeiros quatro meses”, explica.
Para Erasmo Fraccalvieri, da Tecnofilmes, as vendas do primeiro quadrimestre deste ano estão em linha com a realidade do varejo supermercadista brasileiro. “O principal problema é a forte contração do poder de renda das classes C, D e E. O fenômeno vem ocorrendo com muita intensidade desde o início de 2021, quem não percebeu, acabou errando as previsões”, complementa.
Cláudia Savioli, da Polymark, explica que os dois primeiros meses deste ano foram bem tímidos. “As transformações mundiais continuam impactando nos negócios e prejudicando os planos estratégicos das empresas, que hoje precisam ser elaborados para cenários de curtíssimos prazos”. Ainda segundo ela, a velocidade com que os preços dos insumos têm aumentado, além dos altos juros, preocupa e tem absorvido boa parte do foco do trabalho. “Tudo isso acarreta a perda de demanda em toda a cadeia do setor de embalagens e ainda impossibilita que as empresas consigam repassar os custos extras que têm”, desabafa.
Osvaldo Coltri, diretor presidente da Vitopel, fornecedor de muitos dos associados ADIRPLAST, explica que quando a economia está menos aquecida e o consumidor está com o bolso mais fraco, há um menor volume para embalagens de alimentos menos essenciais, como snacks, doces e chocolates, entre outros: “Economia fraca e povo sem dinheiro é geralmente entrave para o crescimento do setor de BOPP”. Neste cenário, alerta o executivo, é comum que as empresas que tenham clientes de menor estrutura enfrentem ainda problemas com a inadimplência.
Expectativas para o segundo semestre
Para Fraccalvieri não será um segundo semestre muito diferente. “A não ser pelos auxílios liberados pelo governo federal em abril e maio. Vemos um aquecimento nos volumes, porém sem euforia. Mesmo com o aumento momentâneo da demanda, o repasse de custos está difícil de ser implementado e a cadeia continua espremida. O foco está no posicionamento através da leitura do segundo semestre, este sim, mais desafiador”.
Os empresários do setor ainda temem que problemas que parecem ainda longe de serem solucionados, como guerra e problemas de logística, isso sem falar, claro, nos problemas políticos, fiscais e econômicos que já parecem fazer parte do cenário nacional, possam agravar ainda mais esse cenário. “Tudo parece incerto, o que inviabiliza a escolha de um só caminho para este segundo semestre. Os fluxos comerciais estão tensos e exigem paciência e conectividade entre as pessoas envolvidas. Precisamos agir de forma coerente, com participação e responsabilidade”, acredita Savioli. A executiva acrescenta: “Toda a cadeia do segmento tem a responsabilidade de trazer informações ágeis e ações em conjunto, agindo de forma coerente, com participação e comprometimento de todos e para todos”.
Para a vice-presidente da ADIRPLAST, este é um momento de atenção e de muita instabilidade. “Sentimos muita dificuldade na retomada econômica, porém acreditamos em um segundo semestre levemente aquecido, estimulado pelos auxílios oferecidos pelo governo à população, quanto pela própria sazonalidade do período, porém com olho afiado na inadimplência / solvência das empresas”, finaliza.